Quem somos: Alê, £isi e Fazer

Quem somos: Alê, £isi e Fazer
Alessandro Martinello, Executivo de vendas, projeto de roqueiro, aventureiro de plantão; e Lisiane Potrikus Martinello, Historiadora. Nosso gosto por viagens de moto começou por acaso, num pequeno passeio feito num domingo à tarde. A paixão foi crescendo cada vez mais, e as viagens foram ficando mais longas e elaboradas. Viajar de moto é a atividade mais íntima que um ser humano pode ter, pois sozinho, dentro do seu capacete, tendo somente o barulho do vento como companheiro, você tem a chance de pensar em nada, e somente observar toda a beleza do caminho. É sentir o calor do sol e o frio da chuva. Não é ver a paisagem, é fazer parte dela.

sexta-feira, 2 de março de 2018

Urupema - Santa Catarina

Olá a todos os nossos amigos e leitores.
O segundo semestre de 2017 foi muito agitado! Mudanças e mais mudanças aconteceram, então nosso tempo e energia foram todos direcionados a essas mudanças, o que fez com que nós ficássemos em "off" com nossas aventuras.
Mas, o tempo passa, e 'quase' conseguimos voltar à rotina, então arrumamos um sábado de folga, dia 24/02, e fomos atrás do último local ainda não conhecido por nós da Serra Catarinense, o alto e gelado 

MORRO DAS TORRES

em Urupema, a cidade mais fria do Brasil. 
Porém, para chegar lá, tivemos que passar pela Serra do Corvo Branco, e aproveitamos para conhecer alguns pontos turísticos de Urubici que ainda não conhecíamos.
Abaixo, a rota que fizemos nesta viagem:


Para ver no Google Maps Clique aqui



Saímos de casa por volta das 7 da manhã, um pouco atrasados, e logo já paramos em Urussanga para um café na lanchonete Boccardo, na localidade de Rio Maior. Um delicioso café na caneca e um sanduíche de pão caseiro com queijo e salame colonial. Bom e barato, do jeito que gostamos.
Seguimos nosso planejamento até Orleans, e pegamos um atalho para Aiurê, uma vila que fica aos pés da Serra do Corvo Branco.
Optamos por este caminho por dois motivos: 
Primeiro, o trecho de Grão Pará até Aiurê ainda está em obras, isso significa pedras soltas, poeira (tem algum movimento nessa estrada), e eu gosto de aventuras, mas não de sofrimento. 
Segundo: esse trecho é de chão batido, mas a estrada é boa, além de ter as paisagens muito bonitas. E de quebra ainda passamos por Invernada, um lugarzinho perdido onde tem uma escola rural onde a Lisi foi professora, assim ela pôde matar a saudade, mas nunca mais quer passar por lá, hehe.

Então, depois desses 38 km de chão batido, chegamos em Aiurê, e dai pra frente seguimos por 12 km até o pé da Serra do Corvo Branco. 
A estrada ficou belíssima, uma subida constante e uma sucessão de curvas de tirar o fôlego! 

Daqui uns dias eu vou precisar disso, haha


A estrada ficou um capricho



Para chegar ao pé da serra agora é rapidinho. 


Mas o asfalto acaba assim que a estrada começa a subida da serra. É de uma vergonha total por parte do governo, abandonar a obra assim. Segundo relatos de engenheiros, eles simplesmente não sabem o que fazer para asfaltar a parte da Serra. A estrada é estreita, e segundo esses relatos, o jeito vai ser ficar como está. Inacreditável...


Apesar de ser de chão batido, a estrada na serra estava numa condição razoável. 




Tudo vai ficando muito bonito.






É por ai mesmo!


O visual é muito bonito.





Quase chegando ao topo.



A estrada da serra é bem curta, tem cerca de 5 km.



Mas a paisagem e a emoção são de tirar o fôlego.



O potencial turístico dessa região é enorme, porém, não há nenhum incentivo do governo para essa parte. Um verdadeiro descaso. Além disso, parece que o povo da região, os empreendedores ainda não descobriram esse lugar. Pode ser feito tanta coisa, mas está assim, tudo deserto... não há estrutura alguma para o turista. As serras Catarinenses são de uma beleza incomparável. As serras gaúchas, nesse quesito, ficam muito atrás. Só que lá no Rio Grande do Sul houve investimento, e o movimento de turistas é infinitamente maior. Porém, estamos em pleno 2018, e as estradas por aqui ainda são de chão batido...



Tem umas 4 curvas...





Um capricho da natureza.

Não existe um mirante, ou um topo da Serra do Corvo Branco, apenas pequenos refúgios onde é possível parar e ter uma vista da grandiosidade deste lugar. Pouco conhecida, é endereço obrigatório de motociclistas de todo o Brasil. Já indiquei este lugar para muita gente que veio em busca da Serra do Rio do Rastro, e que nunca tinha ouvido falar da Serra do Corvo Branco.
Este nome foi dado pelos primeiros colonos que chegaram a região, pois ali é um habitat natural do Urubu-Rei, uma grande ave de rapina de plumagem branca. Como acharam se tratar de um corvo, o local ficou assim conhecido.





No final da subida da Serra do Corvo Branco, foi feito o maior corte em rocha de arenito do Brasil, com cerca de 90 metros de profundidade. Na placa consta como rocha basáltica, mas o corte foi feito em arenito.






Vencida esta estonteante etapa da nossa trip, seguimos para um local ainda não visitado por nós até então, a bela Gruta Nossa Senhora de Lourdes, em Urubici. Foram mais alguns quilômetros de chão batido, e novamente chegamos no asfalto.

A Gruta é um local muito bonito, com uma cachoeira, então tem um estreito caminho por trás da cachoeira, que costeia uma subida rente a parede de pedra, e é possível chegar mais no alto, de onde começa a queda d'água.







Flores pelo caminho.


Obrigado Mãezinha por nos proteger nas nossas viagens!







Além de ser um lugar de beleza natural fantástica, também aqui se torna um local de fé e devoção, as pessoas levam pertences para agradecer a Maria, Mãe de Jesus, as graças alcançadas através da fé que as pessoas tem Nela. Se você não crê, respeite a fé dos outros. Se crê, aproveite para agradecer pelo que achar necessário.






Depois de alguns momentos de agradecimento, nos despedimos da Gruta Nossa Senhora de Lourdes, e com sua benção, seguimos nossa aventura para mais um lugar que ainda não conhecíamos.
Mais alguns quilômetros em direção à Urubici, e mais uns 8 quilômetros de chão batido, fomos visitar as Cavernas do Rio dos Bugres.
O local fica localizado em uma propriedade rural, onde existe uma pequena pousada com o mesmo nome. É cobrada uma taxa de visitação de R$ 5,00 por pessoas, muito justa, e assim os visitantes poderão subir por uma estradinha íngreme por cerca de 300 metros, e chegar as cavernas.
Procurei um pouco de história, e encontrei um texto sobre as cavernas:

Os geólogos divergem quando a origem dos túneis. Para alguns, os túneis ou labirintos interligados são resultado da passagem de lavas vulcânicas em eras geológicas passadas. Para outros, os buracos teriam sido feitos por tatus gigantes, animais pré-históricos que habitavam a região de onde hoje é o planalto serrano catarinense.Os moradores locais dizem que os túneis são de origem desconhecida, mas teriam servido de abrigo para os índios que habitavam a região. Nelas, os “bugres” se protegiam contra o frio intenso da Serra Catarinense e contra os animais selvagens. No entorno das cavernas, existem poços escavados que serviam como armadilhas para capturar animais de grande porte. O acesso a tais poços é proibido por motivo de segurança.Bugres é uma denominação dada aos indígenas por serem considerados não cristãos pelos europeus. A origem da palavra, vem do francês bougre, e o primeiro registro desta palavra é de 1172, e significa “herético“, que, por sua vez, vem do latim medieval “bulgàrus“. Como membros da Igreja Ortodoxa Grega, os búlgaros foram considerados heréticos pelos católicos e que passou a ser aplicado para os indígenas, no sentido de inculto, selvagem, pagão e não cristão.






Os túneis são bem grandes, na maioria de sua extensão, é possível ficar de pé.




Um nada simpático morceguinho...



São vários túneis interligados, alguns acabam em nada, outros tem saídas/entradas pelo outro lado.







Aqui temos duas entradas/saídas interligadas.




Para quem gosta de história e geografia, ou por coisas diferentes, esse é um lugar bem legal para conhecer. reserve no mínimo uma hora para visitação. Vale a pena.

Pois bem, visitados esses dois locais inéditos, chegou a hora de pegar um trecho de estrada novo, no qual ainda nunca tínhamos rodado. Seguimos pela SC 110 até a BR 282, pegamos a esquerda, e fomos até entrada para Rio Rufino e Urupema.
Pensei em parar em Rio Rufino para fazer algumas fotos da cidade, mas quando percebi, já tinha passado por ela! É uma vila! 
Seguimos adiante então pela SC 112, por uma estrada muito bonita. A altitude foi aumentando, então avistamos nosso principal destino: o Morro das Torres, ou Morro das Antenas como também é conhecido.

O Morro das Torres é um acidente geográfico do Sul do Brasil que se situa na divisa de Rio Rufino e Urupema, em Santa Catarina. É um dos locais mais frios do Brasil, sendo definido pelo Geólogo Geraldo Barfknecht como o "mais fantástico paraíso climático do Brasil", o único lugar do país onde o sincelo (nevoeiro congelante) acontece com tanta frequência e intensidade. Em curto intervalo de tempo, no Morro das Torres podem ser registrados quatro fenômenos diferentes: chuva granulada, chuva congelada, neve e sincelo.
Do topo, permite excepcionais vistas num raio de 65 quilômetros, com uma cachoeira que congela completamente e assim permanece por vários dias, em fortes ondas de frio.

De fácil acesso, com muros de taipas (muros de pedra basalto) com grande extensão, constituindo-se em um dos melhores pontos do Brasil par observação de queda de neve, quando a vegetação arbustiva fica com grossas camadas de gelo, formando o sincelo.
O Morro das Torres, também conhecido como Morro das Antenas, na verdade, tem como nome original Morro da Serra do Campo Novo, que deveria ser restabelecido pelo Município de Urupema, que o nome original também é outro, "Urupemba", que significa peneira de palha ou pássaro ligeiro, na língua dos Índios Kaigangs, os verdadeiros primeiros moradores da região. 

A altitude do Morro das Torres é de 1.733 metros, e tem um marco geodésico do DSG (Ministério do Exército), em seu ponto mais elevado.
Fonte: Wikipédia.

Agora, vamos as imagens desse magnífico lugar!















O dia estava lindo.








Registrei a altitude, e nem era o ponto mais alto do Morro.



Rio Rufino



Urupema



Eu particularmente sou apaixonado por montanhas, então não é  preciso dizer que amei este lugar. A infraestrutura do nosso turismo já foi pior, tem uma belo mirante no local, com 3 andares de altura, com dois níveis fechados, com vidros, para que as pessoas possam apreciar a paisagem em um local fechado, porque no inverno as temperaturas aqui devem ser terríveis! Com frequência são registradas temperaturas negativas no inverno, com picos de -10°C, e a sensação térmica chegando a -20°C.

Veja no link abaixo, as imagens do sincelo.

Mirante congelado.

Sincelo na vegetação

Seguindo nosso caminho, fomos visitar a "Cascata que congela". Isso mesmo, esse é o nome da cachoeira. Achei um pouco de falta de criatividade, mas...



Seguimos por uma estradinha por cerca de 1 km, e chegamos!



Só deve ser legal mesmo quando congela, porque nem água tinha...



E para chegar até lá é uma boa escadaria bem inclinada...
Bem, como não poderia deixar de ser, seguimos até Urupema, para registrar nossa passagem pela cidade. Algumas fotos no centrinho, e agora é voltar para casa.






Foram mais 140 quilômetros até a Serra do Rio do Rastro, numa estrada muito bem asfaltada, e quanto mais próximos, mais ia aumentando o frio... Logo após passar por Bom Jardim da Serra, pegamos um forte nevoeiro, e chegando na Serra do Rio do Rastro, chuva, muita chuva!!


E é claro que com esse frio e chuva, paramos para um revigorante chocolate quente e um sanduíche de pão caseiro com queijo serrano e salame colonial no Café Alto da Serra. 
Estávamos com saudades da sempre simpática Dona Nely, que sempre nos atende muito bem! A melhor parada da Serra do Rio do Rastro, com toda certeza!
Visite a página do café Alto da Serra no Facebook clicando aqui.



Depois dessa parada, tivemos que encarar a Serra do Rio do Rastro à noite, sob forte neblina, e com muita chuva. 
Foi tenso...
Mas com a benção de Maria chegamos em casa molhados e cansados, mas sãos e salvos, e com essa história maravilhosa na bagagem, a qual compartilhamos com vocês!

Um grande abraço a todos, obrigado pela leitura, e até a próxima!

Alê & £isi.

Acompanhe abaixo o vídeos dessa aventura: